sábado, 29 de março de 2008

Coisas decadentes que já tiveram algum significado um dia

Um dia eu fui na casa antiga dos meus avós. Sabe, aquele lugar grande e bonito com a decoração tosca feita por uma velhinha viciada em Paraguai? Aquele lugar que vc sempre ia nos domingos encontrar os seus primos e se divertia brincando de qualquer jogo que uma criança de 10 anos brinca? Pois é, ele acabou.
Agora meus avós (minha avó, pq meu avô já não pode fazer mais nada sozinho) venderam a casa. Aliás, a casa é o retrato do meu avô atualmente. Sem luz, sem brilho e sem personalidade. Cada móvel dela tem sido arrancado pra ser colocado em outro lugar, e logo o que não for vai ser perdido para sempre.
Não sei se vocês sabem, mais meu avô tem Alzheimer, uma doença hereditária que não me estimula muito a chegar na idade dele. E a casa deles foi vendida para se transformar em mais um prédio. Enquanto isso, eles vivem no apartamento em cima da loja, no centro da cidade. Um lugar horroroso onde é impossível andar à noite sem topar com prostitutas e travestis.
Enquanto isso, quem tira os móveis é o primo dos meus primos, que eu conheci ainda criança e dava em cima de mim. Um garotinho alegre e gordinho, que hoje virou um pedreiro barrigudo.
Às vezes, quanto mais o tempo passa, mais depressivas as coisas se tornam. E é aí que eu pergunto se é realmente bom chegar na idade do meu avô no estado em que ele se encontra.

Um comentário:

Guilherme Alfradique Klausner disse...

Caraca... que texto triste... Mas a vida é sempre assim, triste e sem brilho. Que as nossas sejam diferentes, nem que pra isso tenhamos que morrer cedo.